Texto: Diângela Menegazzi. Foto: Vino Carvalho.
A Escola Latino-Americana de Agroecologia (ELAA), localizada no Assentamento Contestado, na Lapa (PR), recebeu o 2º Seminário de Comunicação e Agroecologia do Paraná, no dia 17 de maio. A atividade reuniu cerca de 40 comunicadoras e comunicadores populares de 20 municípios do estado, de diferentes regiões como Curitiba, Maringá, Ponta Grossa, Laranjeiras do Sul, Bituruna, Francisco Beltrão e muitas outras. Estavam presentes camponeses e camponesas, juventudes, indígenas, coletivos culturais, representantes de organizações sociais, mandatos parlamentares e estudantes.
O seminário integra um ciclo formativo que propõe pensar a comunicação popular como ferramenta essencial na luta pela agroecologia, pela justiça ambiental e pelo direito à comunicação. A atividade foi promovida por meio do projeto Bem Viver, em parceria com o Programa Itaipu Mais que Energia, e com apoio do Comitê de Cultura do Paraná.
Os participantes mergulharam em reflexões sobre os impactos do modelo do agronegócio, a crise ambiental e a disputa de narrativas na sociedade. As atividades combinaram exposições teóricas, rodas de conversa, vivências coletivas e partilhas de experiências. A mística de abertura trouxe à tona, com sensibilidade e força, os contrastes entre a fome, a devastação ambiental e a resistência promovida pela agroecologia.
Entre os temas abordados, destacaram-se a importância de uma comunicação que dialogue com as emoções e vivências dos povos do campo e da cidade, o papel da cultura popular na afirmação de identidades, e a construção de redes de comunicadores e comunicadoras com domínio de diferentes linguagens: audiovisual, texto, muralismo, redes sociais e outras formas expressivas.
O seminário também apontou caminhos para o fortalecimento da comunicação popular no Paraná. Entre os encaminhamentos estão a criação de um banco de fontes para reportagens, a produção colaborativa de conteúdos antes e durante a Jornada de Agroecologia, a elaboração de materiais formativos e o incentivo ao uso de formatos poéticos, acessíveis e multilinguagens.
Avaliada como um espaço potente de formação, articulação e inspiração, a atividade reafirma a comunicação como um direito e uma necessidade estratégica na construção de um outro projeto de sociedade. Em tempos de silenciamento e avanço do agronegócio sobre os territórios, fortalecer a comunicação popular é fortalecer também a agroecologia, a democracia e a luta por justiça social e ambiental.