Nos próximos dias, uma série de intervenções artísticas em diferentes pontos do centro da cidade pretende sensibilizar os curitibanos para o tema das liberdades fundamentais e lembrar as seis décadas, este ano, do golpe militar de 1964. É o projeto “Procura-se”, do Máquina de Ativismos em Direitos Humanos, curso de extensão da UFPR, e que conta com o apoio do Comitê de Cultura do Paraná.

A programação começa na sexta-feira, 06, a partir das 19 horas, com uma projeção de imagens que representam a repressão e a resistência à ditadura na capital paranaense. O lugar escolhido para a ação é o prédio Edifício Bigarella, no Centro Politécnico. “O Politécnico é um campus muito emblemático, porque foi palco de um revolta estudantil contra a política do ensino superior pago, que era uma bandeira dos militares”, aponta Leandro Gorsdorf, coordenador do Máquina de Ativismos.

As projeções se repetem na segunda-feira, 09, a partir das 19h30, agora na Praça Rui Barbosa, na Praça Zacarias e na Reitoria. A escolha dos lugares, mais uma vez, não é aleatória. À época, a Rui Barbosa, então um quartel do Exército, foi a central que enclausurou todos os detidos em Curitiba pelo regime de exceção.

Por outro lado, os prédios nos arredores da Praça Zacarias abrigavam muitas sedes de sindicatos, importante contraponto ao autoritarismo em voga. Já Reitoria associava os dois aspectos: ao mesmo tempo em que era símbolo da resistência estudantil, também já havia sido ocupada por Flávio Suplicy de Lacerda, posteriormente ministro da Educação do general Castelo Branco.

O projeto “Procura-se” continua na terça-feira, 10, das 11h30 às 13h30, quando as escadarias do Prédio Histórico da UFPR recebem outro modelo de intervenção. Dessa vez, um arquivo de metal, atado com correntes e cadeado, será alojado no meio da praça, com os transeuntes sendo convidados a abrir suas gavetas.

Ali, encontrarão registros mantidos pela ditadura de 15 cidadãos curitibanos perseguidos pelos generais. E quem quiser, poderá levar as fichas pra casa, a fim de analisar o conteúdo mais detidamente.

“É uma estratégia de abordagem, uma maneira de tentar trazer pro campo dos direitos humanos pessoas que nunca pensaram sobre o assunto, ou que até mesmo são contra o conceito”, define Leandro Gorsdorf. “Já fizemos uma ação-teste, digamos assim, e ela surtiu muito efeito, criou uma mobilização muito grande.”

O circuito do “Procura-se” se encerra com o debate “Memórias, (im)permanências e resistências: direitos humanos e violência de Estado”, na quarta-feira, 11, a partir das 19 horas, mais uma vez no Prédio Histórico da UFPR. A mesa juntará a Geração 68, grupo de veteranos que sofreu na pele os Anos de Chumbo, com a Rede Nenhuma Vida a Menos, composta pelas famílias de jovens assassinados pela polícia nas nossas periferias.

Cultura e Sapiência na Jornada de Agroecologia

Ainda na sexta-feira, 06, e também no Edifício Bigarella do Centro Politécnico, o Comitê de Cultura promove dentro da programação da 21ª Jornada de Agroecologia o “Arte e Agroecologia: políticas culturais para povos dos campos, águas e florestas”. O evento, que acontece das 14 às 17 horas, contará com a presença do rapper Rincón Sapiência. Pra se inscrever, é só acessar o link: https://bit.ly/3CS6VHR