Pesquisadora abriu o Redes de Formação em Cultura Digital, parceria da UFRJ e do MinC que conta com o apoio do Comitê de Cultura

Mais de 30 projetos sociais e culturais de todo o Paraná estão reunidos em Curitiba para participar do Redes de Formação em Cultura Digital, uma parceria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Ministério da Cultura.

O encontro promove oficinas e mentorias com professores, empreendedores e ativistas pra assessorar essas iniciativas a obterem mais visibilidade e engajamento no ambiente virtual. Pretende ainda criar uma malha de apoio mútuo para que as propostas possam crescer dando suporte umas às outras.

A abertura aconteceu na noite de quarta-feira, 13, com uma palestra sobre racismo algorítmico da cientista da computação e pesquisadora carioca Nina da Hora, na Reitoria da UFPR.

“O conceito de Inteligência Artificial, no que estão tentando nos fazer acreditar, é que ela é feita pra executar tarefas complexas sem a intervenção humana”, questionou. “Mas os algoritmos de IA estão sujeitos a vieses que podem amplificar preconceitos. Na verdade, a IA está enraizada em processos históricos de injustiça, como o colonialismo e a eugenia.”

Outro problema, para a especialista, é que os mecanismos dos sistemas de Inteligência Artificial ainda são nebulosos demais. “Especialmente aqueles que envolvem por parte do algoritmo um aprendizado profundo. Eles são opacos, até mesmo pra nós, da computação, que trabalhamos com isso. E como podemos confiar em sistemas autônomos que não conseguimos entender?”

“Uma questão fundamental que surge é se é possível eliminar completamente o viés em algoritmos de IA. Provavelmente não.”

Para Nina da Hora, o caminho é um tipo de contenção de danos. “A mitigação desses vieses deve ser vista como um processo contínuo e nunca como um objetivo que pode ser completamente alcançado”, sugeriu.

“Pra isso, não existe agenda errada e agenda correta. Promover a diversidade entre desenvolvedores é importante, mas também existem soluções computacionais, como o balanceamento de dados. O que não podemos é cair na crença de que a tecnologia por si só vai resolver o problema. Isso é ingênuo.”

“É hora de agir de forma estratégica, repensar o que estamos fazendo e usar todas as ferramentas que temos nesse combate”, concluiu.

O Redes de Formação em Cultura Digital vai até sábado, 16. Outros temas da atualidade, como emergência climática, desinformação e o futuro da democracia também estão na pauta do evento.